06 outubro 2005

Boa Notícia

"Exigências Técnicas Internacionais"
Ministério cria site para auxiliar pequenos exportadores
Com o objetivo de minimizar os efeitos das exigências técnicas internacionais incidente sobre produtos a serem exportados, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) lança nesta quinta-feira o site "Exigências Técnicas Internacionais", com informações que darão suporte operacional ao pequeno exportador.
O lançamento acontece na sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), quando o Ministério e parceiros - IPT, MCT, Inmetro e Finep - apresentarão estudos tecnológicos específicos sobre o tema. Essas iniciativas serão apresentadas no Seminário Barreiras e Exigências Técnicas para Exportar.
De acordo com estudos do MDIC, a Organização Mundial do Comércio (OMC) recebe anualmente mais de 1,2 mil notificações de novos regulamentos impostos por países membros da Organização, o que demonstra a velocidade desse movimento. - Se as aberturas de mercados visam facilitar o fluxo internacional de mercadorias, o crescimento das exigências técnicas dificulta as exportações, principalmente do pequeno exportador - ponderou o secretário de Tecnologia Industrial do MDIC, Jairo Klepacz. (Fonte:e-clipping DECEX /Globo Online)

Sem dúvida uma excelente notícia.
"Exigências internacionais" é um dos principais problemas apontados por micro e pequenos empresários nos cursos sobre comércio exterior que tenho realizado em todo o País.
Finalmente teremos uma fonte segura para consultas.
Ed Dêncio

China põe o Brasil na defensiva

William Pesek Jr.

Para um dirigente que procura aquecer a economia e reduzir a dependência de seu país com relação aos Estados Unidos, este parecia o caminho óbvio a seguir: ligar seu destino ao da China. Foi exatamente o que fez o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro passado, quando o presidente da China, Hu Jintao, visitou a maior economia da América do Sul, Lula concordou em reconhecer a China como "economia de mercado" segundo as normas da Organização Mundial de Comércio (OMC).

O objetivo dessa iniciativa, que diverge da posição da maioria dos outros principais países do mundo, era claro. Lula e Hu disseram que previam duplicar o comércio bilateral para US$ 20 bilhões no período de três anos. Para o Brasil, esses negócios representariam uma dádiva dos céus. Para a China, ser qualificada como uma economia de mercado representa pagar menores tarifas para exportar seus produtos.

Agora, Lula deve explicações ao enorme contingente de pessoas que se perguntam se ele não teria cedido demais, e com excessiva rapidez. Nos cafés, bares e salas de reunião dos conselhos administrativos das empresas de São Paulo o que se escuta é como o Brasil desguarneceu seus flancos para uma superpotência em ascensão pouco disposta a fazer o mesmo.

"A abertura da economia brasileira não pode repousar apenas em franquear o ingresso das importações de todos os países sem obter nada em troca", diz Josué Gomes da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). "Corremos o risco de ser inundados com produtos importados, num momento em que nós, na posição de produtores, não estamos preparados para concorrer com os artigos de baixo custo provenientes de países como a China."

Há um certo exagero nessa opinião. Mesmo que a China não esteja investindo nas ferrovias, portos e usinas siderúrgicas brasileiras com a rapidez esperada, ela é um consumidor em expansão. As necessidades da China por recursos naturais e bens manufaturados serão uma bênção para um país dado a surtos de crescimento seguidos por depressões. Além disso, a história demonstra que um país não empobrece necessariamente devido ao enriquecimento de outro.

Para os governos ávidos em lucrar com o surto de crescimento da China, o caso do Brasil poderá servir como um alerta. O teste será verificar se o padrão de vida brasileiro é capaz de se manter após o fechamento de um acordo que pode levar o país a dar mais do que a parcela que terá a receber. Na Ásia, há uma corrida para assinar acordos de livre comércio com a China, uma das principais economias do mundo e a que mais cresce na atualidade. Aqui vai algo para se ter em mente: as posições de negociação desses governos são mais rígidas do que a China gostaria. Motivo: a China quer desesperadamente convencer o mundo de que ela é confiável como país de livre comércio - uma coisa que os negociadores podem usar em favor de seus interesses.

Caso contrário, os governos podem acabar ficando de mãos tão amarradas quanto o Brasil. Lula pensou que sua aliança com a China era uma ofensiva econômica que poderia ajudar os muitos brasileiros que vivem na pobreza. Mas o Brasil está agora na defensiva.

O ministro de Comércio e Indústria do Brasil, Luiz Fernando Furlan, fez na semana passada uma viagem de três dias a Pequim a fim de pedir que as remessas de sapatos, produtos têxteis e brinquedos chineses fossem limitadas para evitar fechamentos de fábricas em seu país. Sem sucesso. A 13 de setembro, o Brasil anunciou planos de limitar as importações de produtos têxteis e de calçados chineses, depois que o volume dessas compras ficou quase seis vezes maior este ano. Esse pode ser apenas o começo de muitas dessas iniciativas de defesa.

"Os produtos têxteis e sapatos são os setores mais prejudicados pelos chineses", diz Dilma Rousseff, a secretária de governo de Lula. "Precisamos agir com cautela em vista das características das relações entre o Brasil e a China e da importância desse país na sustentação da dinâmica da economia mundial."

Este último ponto é delicado. Como o Brasil poderá se beneficiar com a taxa de crescimento da China, de mais de 9%, sem ser esmagado por ela? A voraz demanda da China por todos os produtos, de minério de ferro a soja, permite supor que Lula não pode ignorar a segunda maior economia da Ásia. Mas o excesso de dependência com relação à China, um país com limitado histórico de estabilidade econômica, pode se revelar tão arriscado quanto isso.

Nunca uma economia tão subdesenvolvida como a chinesa, com uma população tão grande e uma expansão recorde tão temerária, ingressou na comunidade mundial com tanto entusiasmo e prontidão. A compleição do comércio e dos sistemas financeiros internacionais nunca mais será a mesma. Se economistas como John Maynard Keynes pensaram que a ascensão dos Estados Unidos no século passado foi um assombro, é bom esperar para assistir à da China neste século.

Isso explica por que os dirigentes empresariais e consumidores de São Paulo encaram a China com um misto de empolgação e apreensão.

Existe uma crescente noção, neste país de 184 milhões de habitantes, de que a China está garantindo o abastecimento de matérias-primas baratas e exportando produtos de consumo com pouca reciprocidade. Também existe a frustração pelo fato de Lula não ter conduzido uma negociação mais rígida com a China.

Talvez o mais grave sejam as barreiras invisíveis ao fluxo de produtos para a China, que ainda não aderiu ao livre comércio, ao capitalismo ou aos direitos de propriedade intelectual da forma com que os países mais desenvolvidos do mundo os definem.

Nada disso se destina a afirmar que os negociadores comerciais da China sejam traiçoeiros - eles apenas são bons negociadores. Em nome dos interesses da China, eles vêm percorrendo a África, a Ásia, a América Latina, a Rússia e os antigos países-membros da União Soviética, garantindo acesso aos instrumentos necessários para manter o rápido crescimento de sua economia.

O Brasil foi possivelmente rápido demais em qualificar a China como uma economia de mercado, uma iniciativa que dificulta a imposição de sanções antidumping contra seus produtos. Agora o Brasil está agindo em modo de "controle de perigo".

Para Lula, o comércio do Brasil com a China é um problema de relações públicas que não está próximo de se desfazer. O que se ouve nas ruas brasileiras é que negociar com a China é uma iniciativa fadada a trazer mais desvantagens do que vantagens.
Como argumentaria Lula, ignorar ou combater a China não é uma opção possível no mundo de hoje. A experiência do Brasil, no entanto, sugere que outros países devem pensar muito antes de pressupor que embarcar no surto de crescimento da China é um caminho óbvio a ser seguido. (Informe MDIC/VALOR ECONÔMICO - 6/10/2005).

05 outubro 2005

Importações devem crescer num ritmo maior no próximo ano

Economistas e especialistas em comércio exterior começam a consolidar as perspectivas para a balança comercial em 2006 e muitos reconhecem que estão repetindo as mesmas estimativas feitas no final de 2004 para este ano. Mas, dizem, desta vez deverá ser diferente.
"Este ano todo mundo errou. A expansão das importações num ritmo mais acelerado do que o das exportações era a única certeza do início do ano e não ocorreu. Erraremos de novo caso ocorra em 2006 novos aumentos dos preços internacionais das commodities - o que é pouco provável - e que os manufaturados, bens sensíveis a câmbio que até hoje mantêm o fôlego, novamente não atingissem um ponto de saturação", diz o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Para o próximo ano, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) espera que as exportações cresçam 6,2% em relação à expectativa para a este ano, chegando a US$ 123,7 bilhões. Já as importações deverão imprimir um ritmo bem mais forte - 21,3% superior ao resultado deste ano -, chegando a US$ 93,9 bilhões, segundo cálculos apresentados pelo diretor de estudos macroeconômicos do instituto, Paulo Levy. O saldo deverá fechar em US$ 29,8 bilhões positivos. "Isso quer dizer que as importações deverão manter mais ou menos o mesmo ritmo de hoje, enquanto as exportações devem desacelerar significativamente."
As principais preocupações para o comércio exterior brasileiro, consenso entre economistas, são a valorização cambial, a sua flutuação acentuada, a redução do ritmo de crescimento mundial, e uma eventual redução dos preços de commodities. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já revisou marginalmente a expectativa de crescimento mundial para 2006, de 4,4% para atuais 4,3%. Para o ano de 2005, a projeção ficou estável em 4,3%. O FMI também indicou riscos de a demanda mundial ser afetada pela alta dos preços do petróleo no ano que vem.
Para 2006, o economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) Fernando Ribeiro segue as expectativas dos colegas, com exportações crescendo menos e o saldo comercial menor, mas sem nenhum surto importador. "O câmbio não prejudicará as exportações e a entrada de produtos importados não ameaça a indústria nacional. O destino do comércio exterior brasileiro depende de duas variáveis: o crescimento do PIB doméstico no ano que vem que deve ser inferior ao deste ano e a velocidade da desaceleração da economia mundial, que ainda deverá apresentar um crescimento significativo em 2006."
Projeções do Banco Central, segundo o relatório trimestral de inflação divulgado na quinta-feira passada, apontam redução de US$ 9 bilhões no saldo da balança comercial em 2006. A expectativa é que as compras de mercadorias importadas somem US$ 92 bilhões em 2006, frente a projeção de US$ 76 bilhões para este ano.
As exportações, por sua vez, devem passar dos US$ 114 bilhões previstos pelo BC para 2005 para US$ 121 bilhões no próximo ano. "Os exportadores não podem continuar a crescer por um período muito longo dada a taxa de câmbio de R$ 2,30. Os aumentos de preço em moeda estrangeira obtidos e a necessidade de cumprir contratos têm sustentado as exportações que são dependentes da continuidade do crescimento da economia mundial", disse o diretor de Comércio Exterior do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Humberto Barbato.
Segundo dados do Ministério, 90% das importações brasileiras estão de alguma forma ligadas à produção e apenas 10% de tudo que o Brasil importa são bens de consumo. Por isso, o aumento esperado para as importações está ligado às expectativas sobre o comportamento da economia. Quanto maior o ritmo de crescimento, maior é a procura por máquinas e matérias-primas estrangeiras, que são utilizadas por empresas na expansão de sua produção. A queda do dólar também favorece os importadores, já que o produto estrangeiro fica mais barato. Até agora, porém, a queda do dólar e a expansão da economia não têm evitado que a balança comercial continue resistente.
Câmbio mais estável - O real valorizado não impediu, até agora, novos recordes da balança comercial. Na semana passada, a valorização do real em relação ao dólar registrou a cotação mais baixa desde maio de 2001. Mas esta ainda é uma preocupação entre os economistas que esperam pelo menos flutuações mais suaves em 2006.
Ribeiro trabalha com câmbio médio de R$ 2,50 para 2005, fechando o ano em R$ 2,30, com tendência de estabilidade neste patamar ao longo de 2006. Barbato projeta o câmbio em R$ 2,40 no final do ano e estável em torno de R$ 2,70 ao longo de 2006, com o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e corte na Selic. "Mas não acredito mais em um limite de patamar, na verdade estamos pagando o preço de fazer superávit." Ontem, o leilão de compra de dólares após seis meses de ausência do BC não foi suficiente para impulsionar o dólar, que encerrou o dia estável, no mesmo preço de fechamento anterior, a R$ 2,230. (Fonte: e-clipping DECEX/ Gazeta Mercantil)

Furlan eleva meta de exportações para US$ 117 bilhões neste ano

O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) anunciou hoje a elevação da meta de exportações neste ano para US$ 117 bilhões, contra US$ 112 bilhões da previsão anterior.
Essa é a segunda revisão para cima feita pelo Ministério do Desenvolvimento para a meta deste ano. A nova estimativa está acima da projetada pelo Banco Central, que é de US$ 114 bilhões.
Neste ano até o final de setembro, foram exportados US$ 86,72 bilhões, o que representa um crescimento de 23,4% em relação ao mesmo período do ano passado.Pela manhã, Furlan havia dito que as exportações vão dobrar durante o período de quatro anos do governo Lula.
Em 2002, último ano do governo FHC, as exportações atingiram US$ 60,3 bilhões. Segundo o ministro, "bem antes do final de 2006" as vendas ao exterior já deverão somar mais de US$ 120 bilhões em um período de 12 meses.
O superávit da balança comercial atingiu US$ 4,329 bilhões em setembro e já acumula US$ 32,671 bilhões neste ano. Em relação ao mesmo período de 2004, o saldo acumulado teve um crescimento de 30,1%.
O crescimento das exportações costuma ser atribuído por economistas especializados em comércio exterior à conjuntura global favorável. Com o forte crescimento dos paises desenvolvidos e também de emergentes como a China, a Índia e a Argentina, empresários brasileiros têm encontrado maior facilidade para colocar produtos no mercado internacional.
Para Furlan, entretanto, incentivos e orientações dadas pelo governo a pequenas e médias empresas com o objetivo de transformá-las em exportadoras levaram ao resultado positivo.
"Todo o esforço de capacitação nos diversos encontros de comércio exterior está concentrado na pequena e média empresa", disse o ministro. Ele também destacou a conquista de novos mercados. "Países onde o Brasil não tinha presença, era totalmente desconhecido, hoje passam a comprar produtos brasileiros", afirmou. (Fonte: e-clipping DECEX/Uol Economia)